“A paixão pelos filmes que nos fornecem inspirações para a vida”: é o que declara a produtora Lara Pozzobon , ao explicar o que a mobilizou para a idealização do Festival “Assim Vivemos”, cuja quarta edição começou nessa terça-feira, dia 4, no Centro Cultural Banco do Brasil. Ela e seu marido, o cineasta Gustavo Accioli, há dez anos, quando ainda eram estudantes de cinema da UFF, realizaram o curta-metragem “Cão Guia”, uma história de amor entre um rapaz e uma moça portadora de deficiência visual.

Lara Pozzobon declara que se emocionou com a publicação do IBDD “Heroísmo sem limites”, na qual retirou inspirações para seus projetos. Como afirma, os filmes sobre pessoas com deficiência sinalizam, de um outro modo , os objetivos do instituto: “São experiências que mudam nossas vidas. Não apenas a nossa relação com a questão da deficiência, mas a nossa maneira de encarar a própria vida e a condição humana”- declara Lara.

“Cão Guia” foi selecionado para o festival Wie Wier Leben ( “Como nós vivemos”) , em Munique, Alemanha, onde eles simplesmente se apaixonaram- pelos personagens reais, pela alegria e vivacidade das pessoas com deficiência. “Imediatamente passamos a nutrir o desejo de realizar no Brasil um evento nos mesmos moldes”- declara Lara. Assim, em 2003, ocorreu a primeira edição do festival, com o patrocínio do CCBB. O sucesso do evento possibilitou a criação do Programa Assim Vivemos, apresentado na TV Brasil.

Um dos aspectos centrais da iniciativa, sem dúvida, é o trabalho de informação, transformação e conscientização social, ao romper preconceitos e abrir novos horizontes.O mineiro Paulo Renato Zeiner, em visita ao Rio, surpreende-se com a qualidade dos filmes e a potencialidade das pessoas com deficiência : “Não imaginava que seriam tão interessantes. São temas que não vemos em novelas, na televisão e no circuito comercial. Aos poucos, a nossa cabeça vai se abrindo para essas idéias. Em 1 hora de filme, aprendi mais sobre os deficientes. Eu pude ver no que acabei de assistir ( Corações, Noruega, de Øyvind Sandberg) a capacidade dos portadores de Síndrome de Down, fiquei surpreso com atitudes e habilidades que realmente não imaginava”.

- Um festival como esse muda a imagem da pessoa com deficiência dentro da sociedade”- afirma um dos membros do júri do festival, Geraldo Nogueira, cadeirante, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB-RJ e Diretor Jurídico do Conselho Nacional dos Centros de Vida Independente, CVI Brasil.

Todos os tipos de acessibilidade são contemplados na estrutura física do festival, para a inclusão de quem tem qualquer tipo de deficiência. Há rampas adaptadas para cadeirantes, profissionais para a recepção dos espectadores, catálogos em braile, audiodescrição feita ao vivo por dois atores em todas as sessões, legendas descritivas e intérpretes em LIBRAS para os debates.

Se uma imagem vale mais do que mil palavras, os sons destas valem os gestos e sinais do intérprete em LIBRAS Jonatas Narcizo, que acredita no papel fundamental da acessibilidade comunicativa: “é imprescindível no mundo em que vivemos, possibilitando que pessoas com deficiência auditiva participem efetivamente na sociedade, dêem opinião, já que elas estão nos lugares, mas recebem de forma parcial as informações, ou simplesmente não recebem” – afirma Jonatas- que também trabalha no Programa Assim Vivemos, e é intérprete dos cursos de profissionalização do IBDD.

A mostra, que é gratuita, conta com 24 filmes, de 13 países, e acontece entre os dias 4 e 16 de agosto, no Rio de Janeiro, seguindo depois para Brasília e São Paulo. O IBDD e a proposta do festival “Assim Vivemos” convergem para um ponto fundamental: apostar em grandes histórias, em personagens cativantes, reais, com lições de vida arrebatadoras : uma joie de vivre incomparável.

O Assim Vivemos 2009 - 4º Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência será realizado de 04 a 16 de agosto no Rio de Janeiro, de 25 de agosto a 06 de setembro em Brasília e de 07 a 18 de outubro em São Paulo, no Centro Cultural Banco do Brasil. O Festival Assim Vivemos é bienal e teve sua primeira edição realizada em 2003, no Rio de Janeiro e em Brasília. Desde então, o festival proporciona todas as acessibilidades nas sessões dos filmes: audiodescrição (descrição de tudo o que aparece na imagem dos filmes e que não pode ser entendido apenas pelo áudio), legendas com Closed Caption (inclusive nos filmes brasileiros) e interpretação em LIBRAS dos debates.

Em duas semanas, exibiremos 24 filmes de 13 países, em diversos horários. Também serão realizados quatro debates sobre temas específicos, congregando pessoas com deficiência, profissionais especializados, professores universitários, diretores de cinema, entre outros.

Alguns destaques dessa edição: Eu era surdo e não sabia, da França, e Vozes de El Sayed, de Israel, sobre questões relativas à surdez. Somos todos Daniel, do Canadá, filme que nos apresenta uma turma de adolescentes autistas que cantam, dançam e interpretam. As políticas públicas de inclusão e acessibilidade aquecem o debate em filmes como Ofensas verbais, dos Estados Unidos, Omar, você aceita minha deficiência?, da França e As autoridades estão sempre certas, do Reino Unido. O humor se faz presente em Blues da Moça Cega, dos Estados Unidos e em Os Marginais, do Reino Unido. E muito mais. Filmes da Coréia do Sul, Armênia, Noruega, Rússia, França, Argentina, numa programação que compõe um impressionante painel multicultural. Pedimos ainda especial atenção para os quatro excelentes filmes brasileiros selecionados: Sentidos à Flor da Pele, de Evaldo Mocarzel, Pindorama, de Roberto Berliner, Lula Queiroga e Leo Crivellare, Dreznica, de Anna Azevedo e O Vôo da Cegonha, de Laly Cataguases.

Todas as sessões terão
ENTRADA FRANCA.
Veja a programação completa no site: www.assimvivemos.com.br
Patrocínio: Banco do Brasil
Produção: Lavoro
Produções Direção: Lara Pozzobon
Realização

[VOLTAR]